Fico um pouco desnorteada com uma página do google docs em branco. Onde nem tem o Clippy pra me oferecer uma palavra amiga.
tão querido. ele só queria ajudar…
Fazem aproximadamente 7 anos que não tenho que lidar com isso. Todos os dias quando abro um projeto novo no premiere, o sentimento do meu sistema digestivo querendo sair do corpo de qualquer jeito me lembra muito de como era escrever trabalhos na faculdade, com a diferença de que eu geralmente não atraso um mês pra entregar um vídeo pro trabalho. Já quando a vibe era mais de querer levar uma surra que tirasse temporariamente minha capacidade de respirar, eu costumava abrir o docs pra escrever as coisas que tinha pensado enquanto lavava louça.
ali claramente o momento da minha entrada no mercado de trabalho
Acontece que com o fim dos trabalhos da faculdade e o começo do meu tratamento pra depressão, eu não tinha muito o que escrever. Mas adivinha, 2025 é o ano que eu paro de mamar nas tetas da desvenlafaxina!!
E também, o ano que eu faço 30 anos. Eba!! Viva! Uhul.
O que me traz aqui é a ideia de que eu devia fazer algo pra comemorar esse marco histórico na vida de toda mulher. Celebrar minha entrada na década na qual você vai ter que decidir se vai ter filhos ou não, e obrigatoriamente, vai ter que dar um jeito na sua vida. Na minha no caso. Quer dar um jeito na minha vida?
E pra isso, vou relembrar um momento ali, na meiuca do caminho, que Também é um marco na vida de qualquer mulher. Meus 15 anos! Ou, mais precisamente, o meu primeiro blog, que eu fiz quando tinha 15 anos.
Cajamangas Falantes
Era um blog de variedades. tendências. talvez alguma opinião.
O nome foi uma demonstração da minha habilidade para nomear coisas que reconheci desde cedo.
infelizmente não fui eu quem deu esse nome
Ouso dizer que as cajamangas falantes eram as vozes da minha cabeça. Mas não posso afirmar. Pode não ser.
Esse vai ser um texto curto, porque em vez de abrir um documento no word, eu abri um endereço blogspot.com e deixei aberto pro mundo inteiro (umas 4 pessoas) ver. E eventualmente, como era óbvio e natural, eu fiquei com vergonha e talvez um pouco de frustração porque não virei um sucesso na blogosfera e excluí o blog. Pra sempre. E o Cajamangas Falantes não deixou nenhum rastro. Eu ainda não conhecia a frase
“Nenhuma estética equivocada constrange tanto quanto a vulgaridade da amargura”
- Leão do Twitter, 2024
essa foi a representação mais fiel da capa do blog que eu consegui fazer com as ferramentas de hoje em dia
Pra mim, amargura era tudo. Lembro de dois posts que escrevi: sobre o novo ritmo que conquistava os jovens tristes, a Música Indie, e sobre o quanto Colírios Capricho eram estúpidos e não deveriam existir. Eu e o Felipe Neto com a mesma opinião.
Mas eu fiz alguma coisa. Eu tinha uma opinião e pensei que merecia ser ouvida e um álbum de 20 fotos que eu tirei no quintal que merecia ser postado no meu orkut.
Mais cedo, uns 8 anos antes disso, eu escrevi, ilustrei e grampeei um livro. Uma fábula super original se a gente esquecer que já existia João e o pé de feijão. Aposto que nessa aí não tava escrito “negrau” ao invés de “degrau”. Eu já sabia que não era a rainha da imaginação e da criatividade, mas eu fiz alguma coisa.
Agora com 30 anos, quero deixar as cajamangas falantes intrusivas vencerem. Não sei se não postar no instagram há 2 anos é detox digital ou um medo profundo das pessoas terem alguma opinião sobre mim. Me cansa como as pessoas falam tanto, postam tanto, fazem tanto reels e tantas imagens do estúdio ghibli no chat gpt. Mas será que eu não tenho nadinha pra falar?
Obrigada a
, que deu 250 ideias de coisas pra escrever. Eu mesma não tinha nenhuma. Essa foi a 1. o primeiro blog que você teve na internet.
Eu gostei! Kkk que legal e que saudade do ajudante do windows/office(?).
Caramba adorei o jeito que você escreve! Ri muito com o “Mas adivinha, 2025 é o ano que eu paro de mamar nas tetas da desvenlafaxina!!” Aliás, parabéns por isso!!!